Quando eu tinha uns 14, 15 anos, lembro
que comprei, numa excursão para a Bienal de SP, um livro pequeninho, de
capa preta, que era a grande novidade do momento e que todo mundo quis
dar uma folheada enquanto a gente retornava para casa: O Doce Veneno do Escorpião, a famigerada história
Foi uma viagem cheia de trechos lidos em
voz alta, numa espécie de catarse coletiva. Que por sinal, durou vários
dias, em que tive que continuar levando o livrinho para escola porque
todos queriam emprestado. Essa reação toda era muito divertida porque
nós parecíamos estar tendo contato com uma coisa proibida, e que de
certa forma, estava sendo tratada dessa maneira pelos “mais velhos” ao
nosso redor – a quantidade vezes quase tive o livro “confiscado”… vish –
e, bem, porque muitos de nós nunca tínhamos lido sobre sexo de forma
tão franca. Bruna tirou a virgindade de muita gente nesse sentido
também, se é que me entende.
Essas situações – tanto o frenesi
amalucado da galera quanto a sensação de “olhar pelo buraco da
fechadura” que o livro traz, aliado ao fator fetiche – definem bem o
motivo de seu sucesso, que parece ter sido refletida em todo o país, que
correu para as livrarias. Sem mencionar a polêmica da patrulha da
~moral e dos bons costumes~ e de quem apontava a pobreza da obra, que
serviu para alavancá-la ainda mais. Mas alheio ao buzz, o que resta de O Doce Veneno do Escorpião?
Uma coisa é fato: é difícil largar o
livro, uma vez que você começa a lê-lo. O jornalista Jorge
Acompanhantes Florianopolis, SC